MANIFESTO DOS EDUCADORES MARXISTAS
I Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo
Professores, pesquisadores e estudantes de Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins, reuniram-se em Bauru para o I EBEM com o objetivo de desenvolver iniciativas aglutinadoras dos marxistas no campo da pesquisa educacional, no plano epistemológico e no conjunto das lutas sociais.
O Encontro contou com 322 participantes, os quais apresentaram 109 trabalhos, 95 comunicações orais e 14 painéis. Das comunicações orais, os temas contemplados foram: Educação e Trabalho (20), Marxismo, Ciência e Educação (19), Formação de Professores (18), Políticas Públicas em Educação (14), Psicologia Sócio-Histórica (13), Educação Brasileira em Diferentes Níveis/Cenários (07) e Movimentos Sociais e Educação Popular (04). Foram,
também, realizadas, quatro mesas redondas, envolvendo 11 participantes. As mesas que trataram de “Marxismo, Ciência e Educação: a prática transformadora como mediação da produção do conhecimento”, “Educação e Marxismo: Diferentes Concepções”, “Psicologia Sócio-Histórica e a prática educativa” e “Políticas públicas em Educação”, as comunicação orais e os painéis reafirmaram o marxismo como instrumental teórico e político, questionaram as atuais políticas neoliberais na área da educação no país e primaram pela qualidade teórico metodológica;
Reunidos em plenária, os participantes propõem a continuidade das atividades do EBEM como estratégia de aglutinação e de ação dos marxistas vinculados à educação, entendendo que a perspectiva marxista constitui-se como teoria e prática capazes de desvendar as contradições da ordem do capital e apontar para a constituição da sociedade comunista. O marxismo é fundamental para construir alternativas conjunturais que potencializem a ação das classes
trabalhadoras no enfrentamento cotidiano das práticas que buscam aniquilar o protagonismo histórico dos trabalhadores.
A plenária colocou-se tarefas organizativas para a concretização das ações destes educadores e formalizou Curitiba como sede do II EBEM. A comunicação cotidiana entre os participantes do I EBEM e o debate com as classes trabalhadoras, em todos os locais onde estas estiverem, faz parte das tarefas a serem implementadas desde já.
Os participantes do I EBEM reafirmam o marxismo como a teoria que permite avançar na compreensão da realidade, sem cair na perspectiva particularista, seja das classes dominantes, seja dos eventuais governos que solidificam o capital em aberta contradição com os interesses das classes trabalhadoras. Reafirmam o marxismo não apenas como instrumento de análise, mas, também, como prática de intervenção que busca a criação de uma nova forma de sociabilidade capaz de promover o pleno desenvolvimento de homens e mulheres, ao invés de produzi-los como meros escravos das necessidades. Recusam, portanto, uma concepção de educação como adestramento para o mercado de trabalho, gerador e perpetuador das contradições sociais.
Os pesquisadores, professores e estudantes presentes no I EBEM denunciam e condenam a prática contumaz da eliminação de formas diferenciadas de pensamento, a qual vem sendo realizada pelo conjunto das chamadas agências de financiamento de pesquisa, sobretudo através da recusa de projetos cuja fundamentação se contrapõe àquela defendida pelos gestores. A tentativa de apagamento do marxismo como instrumental de análise, feito por essas agências, é,
nesse âmbito, a forma mais acabada de institucionalizar o capitalismo como único horizonte possível para as classes trabalhadoras. Negar o debate teórico é, em suma, mais uma forma de censura e coerção à liberdade de pesquisa e expressão.
Denunciam e condenam também a política dessas agências, sobretudo o formalismo traduzido na imposição de um tempo único e normalmente irrisório para a realização da formação de mestrandos e doutorandos, o que tem levado, independentemente da vontade dos sujeitos desse processo, a um rebaixamento da qualidade das pesquisas.
Condenam a lei de inovação tecnológica, que submete pesquisadores e docentes universitários à lógica da mercantilização, fazendo com que as pesquisas sirvam aos interesses das grandes empresas, as quais passarão a ter, inclusive, o monopólio do conhecimento produzido, em decorrência do que, a estrutura da universidade transforma-se em um mero balcão de pesquisas.
Reclamam a construção e viabilização de políticas públicas efetivamente voltadas ao atendimento dos interesses das classes trabalhadoras, condenando o atrelamento dessas políticas às determinações dos organismos financeiros internacionais (FMI, Banco Mundial, OMC, etc.).
Condenam a proposta das chamadas reformas promovidas pelas agências internacionais tais como a previdenciária, a sindical, a trabalhista e em especial a universitária divulgada pelo governo de Luis Inácio da Silva. Expressam a necessidade de repensar a Universidade e a Educação Públicas na perspectiva das classes trabalhadoras. E o fazem na compreensão de que tais reformas formam uma totalidade que busca suprimir os antagonismos e negar a subjetividade histórica dos trabalhadores.
Por fim, voltam a enfatizar a vitalidade teórica e política do marxismo, em um período histórico de crescente resistência e reorganização internacional e nacional, no plano teórico e político, contra as investidas do Capital sobre os trabalhadores e povos, razão porque defendem a superação da sociedade de classes.
Bauru, 14 de maio de 2005
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